O Palácio Monroe - nosso Senado no Rio de Janeiro
Palácio Monroe, Rio de Janeiro. |
Começando a falar pelo final, cito que ele foi (lamentavelmente) demolido em 1975, a mando do então presidente, Ernesto Geisel.
A história do Monroe começa quando ele foi construído para a Exposição Universal de Saint Louis, no Missouri, Estados Unidos, no ano de 1904. A ocasião foi que ele abrigava o Pavilhão de Exposição do Brasil. O país estava à procura de investidores estrangeiros para alavancar as exportações, tendo como grande divulgador o nosso café.
Projeto, em desenho. |
Quem o projetou foi o militar e engenheiro Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, que propôs uma novidade na época, que eram as estruturas metálicas, pois o pavilhão teria de ser desmontável.
Após a Exposição, o Palácio Monroe, que não ainda não tinha esse nome, foi nomeado Palácio São Luís, em referência à cidade de Saint Louis. O edifício foi montado em meses, e em 1906 ficou pronto. Seu nome, Monroe, foi dado em homenagem ao presidente americano James Monroe, que pregava “a América para os americanos”, simbolizando a soberania americana.
Vista da rua. |
Plenário do Senado e mesas com microfones. |
Foi-se, então, apontada a necessidade de demolição em virtude da passagem do metrô, que era obstruída pelo Palácio (!). Para excluir-se essa necessidade, foi feito um desvio, eliminando, então, a necessidade de demolição. Inclusive, durante a construção, todos os cuidados foram tomados, justamente para que não houvesse nenhum prejuízo estrutural ao Palácio, o que de fato, não ocorreu.
Operário trabalhando na demolição. |
Excluindo-se a desculpa do metrô, tomou-se, então a de que, esteticamente, o Palácio Monroe não era adequado às mudanças da cidade. Lúcio Costa, o arquiteto de Brasília, chegou a dizer que o Monroe "tratava-se de um prédio sem valor arquitetônico, era apenas uma 'presença estorvante' na cidade".
Houve a tentativa de tombamento pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que foi recusada, pois o Instituto preferiu dar ouvidos à Lucio Costa. Na cidade, houve divergência de opiniões, pois muitos consideravam o Monroe um prédio histórico, e outros, desconsideravam a arquitetura do edifício como algo genuinamente nacional.
Após estes embates opinativos, o Monroe foi devolvido ao governo federal, e o presidente Ernesto Geisel ordenou a demolição. Em 1976, a última parede do Monroe foi derrubada.
Poucos lucraram com a demolição e hoje restaram algumas peças, como dois leões de mármore que estão em Recife, no Instituto Ricardo Brennand; um ornamento da fachada que está no Museu de Arte do Rio (MAR); e alguns objetos podem ser vistos no Museu do Senado, em Brasília, como as mesas de madeira com microfones.
Praça Mahatma Gandhi, foto por Leonardo Martins. |
Sem argumentos concretos para que fosse demolido, o Palácio Monroe foi destruído e arrancado da memória dos cariocas. Hoje, funciona no local uma praça. Lamentavelmente, prevaleceu a arquitetura moderna, imposta por arquitetos como o Lucio Costa, em detrimento de um símbolo da cidade, hoje completamente esquecido.
Fontes consultadas:
Senado Federal (https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/05/04/que-fim-levou-o-palacio-monroe)
Jornal O Globo (https://infograficos.oglobo.globo.com/rio/especial-monroe.html)
Documentário "Crônica da Demolição", de Eduardo Ades.
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